A mudança no meio social da juventude que vive nas periferias de Brasília só ocorrerá a partir da ocupação dos espaços públicos para a prática de atividades saudáveis e lúdicas, das manifestações artísticas, da cultura urbana, música, dança, esportes, educação, comunicação comunitária, empreendedorismo social. Mas, infelizmente, isto não acontece: o GDF não tem recursos disponíveis para que sejam organizados esses centros culturais, lamenta Antônio de Pádua, criador da RUAS – Rede Urbana de Ações Socioculturais, e gestor da Câmara Técnica de Cultura do Codese.
É preciso descentralizar a cultura e, principalmente pensar e discutir políticas públicas que assegurem direitos, atendam às necessidades, promovam possibilidades e ofereçam subsídios para a juventude se expressar, experimentar, aprender e desenvolver suas aptidões e potenciais, propõe Pádua. É preciso construir centros culturais na periferia, através da Participação Público Privada e investir na formação de jovens para o mercado da cultura.
“A Rede Urbana de Ações Socioculturais (RUAS), que começou em 2006, respeita o jovem como um cidadão em formação, que pode e deve emergir como agente de direito, forte e ativo, que precisa ser incluído no meio social. Ação que não deve ser voltada apenas para o assistencialismo, mas da equidade de gênero e de oportunidades, de liberdade, equilíbrio e justiça social. Essa concepção e premissa promove o empoderamento juvenil, unindo trabalho social de base e produção de eventos com foco na cultura urbana”.
Através das oficinas de formação para o mercado da cultura, os jovens se organizaram em coletivos, ou de forma autônoma para atuar no mercado cultural do DF. Coletivos como: Pé de Ipê - coletivo de produção, DUCA - coletivo de comunicação, Tv de Expressão - coletivo de audiovisual.
- Brasília é um campo fértil para se multiplicar e transformar em polo de disseminação cultural de todas as regiões do país. Se mesmo na área rica e próxima do Poder, o Plano Piloto, sofre com a ausência de espaços culturais, imagine a periferia. Precisamos lutar para manter os grupos culturais que crescem em todas as cidades satélites, buscando seus espaços para atingir o maior número possível de jovens para o esporte e a cultura urbana; a comunicação comunitária; o empreendedorismo juvenil; a mobilidade urbana e o direito à cidade; acesso à saúde e prevenção; e, principalmente às políticas públicas voltadas para a juventude periférica”.
Com o apoio do Codese, Pádua espera incentivar a criação de centros referenciais de cultura, lazer, esporte e capacitação para os jovens, que precisam elevar sua autoestima, ocupando espaços públicos em benefício das práticas saudáveis. Além da formação dos jovens, os centros têm a capacidade de manter viva a cultura de todos os povos do Brasil, que encontram em Brasília uma terra fértil para sua reverência e diversidade.
A cultura é um vetor de transformação social, principalmente quando se relaciona com juventude de periferia. A prova disso é que através das oficinas de formação para o mercado da cultura, são dezenas de jovens que se organizaram em coletivos, ou de forma autônoma para atuar no mercado cultural do DF.